Sobre a recente visita do Presidente de Canárias dom Paulino Rivero Baute ao archipiélago norteafricano de Kabuverdi, gostaríamos de realizar algumas reflexões que, quiçá, possam resultar de interesse para nossos leitores.
Segundo declarações do presidente Rivero durante sua visita, enmarcada nas celebrações do 35 aniversário da independência, as principais motivações de sua visita estariam fundamentadas no desejo de asesorar aos caboverdianos meio a temas tão vitais como são as energias renováveis e a produção de água desalada para o abastecimento público.
Quiçá alguém devesse advertir às autoridades e povo daquele país a respeito das carências que Canárias apresenta em ambos assuntos.
Jeremy Rifkin nunca imaginou a repercussão que teria sua frase «Canárias é a Arábia Saudita das Energias Renováveis» pronunciada durante as últimas Jornadas de Desenvolvimento Sostenible organizadas pela mancomunidad do Sudeste da ilha de Gran Canaria. Posteriormente gerou-se um interessante debate no que se pôs em evidência que pese a que Canárias deveria estar a produzir mais de 50% de sua energia de forma limpa, enquanto a triste realidade é que mal chegamos ao 5%, sendo o resto gerado em centrais térmicas com um ingente consumo de combustíveis fósseis. Que é o que imposibilita que possamos aspirar a mais nesta matéria? Quiçá deveríamos propor-nos que nível de responsabilidade têm nossos responsáveis políticos e seus plantes de ordenación do território, nitidamente enfocados a especular com o solo para uso urbanístico em lugar de para possibilitar a consumação de um mercado energético altamente competitivo, do que sairia beneficiado nosso povo, estabelecendo cotas fixas de energia para provedores independentes, restando poder desta maneira aos grandes monopólios energéticos que operam em nosso país. D.Antonio Morales, prefeito de Agüimes, escreveu artigos muito interessantes ao respecto, analisando e propondo alternativas, que ainda que lamentamos não poder traduzir ao português nem ao kabuverdian mas que esperamos possam ser leidos em castelhano sem muita dificuldade por nossos irmãos daquele país (Amorales1 , Amorales2).
Com respeito ao água e os deficientes sistemas de produccion de água desalada que possuímos em Canárias, muito teriam que dizer os habitantes das ilhas Tenerife e de Gran Canaria, que tiveram que brigar em 2008 e 2009 com o Flúor e Boro respectivamente, apesar de estar entre as quatro províncias com o água mas cara de todo o estado espanhol.
Este breve escrito não prentende outra coisa que advertir de que não é ouro todo o que reluce, e que por trás de promessas como a de criar uma «Região Macaronésica» entre nossos países, ou da tramitação de subvenciones do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, podem se esconder outros interesses, muito diferentes dos que o Sr. Rivero fala-nos a sua chegada.
Ainda que há que reconhecer que a colaboração que se vem desenvolvendo em campos como a educação, a formação e a investigação sim que é muito valiosa, há que ter cautela.
Temos confiança em que Caboverde não cometa os mesmos erros que cometemos nós. Terra Sabi.